Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

1 de janeiro de 2014

A simbologia do 7


O ano de 2014, pela numerologia, soma 7. Então, vamos ver o que este número significa em termos astrais, em diferentes culturas, e para a Umbanda.

O sete é o número místico por excelência. É o número da Criação (que é o 3, representando o Céu / Trindade Divina – lembrando que para a Umbanda a Trindade Divina é diferente do significado católico, é formada por Zambi, o Criador, Oxalá e Orixás), mais o 4 (representando a Terra com seus quatro elementos), somando 7. Por isto é o número que indica a relação viva entre o divino e o humano.


Isso está implícito na estrela de Oxalá ou de Davi, onde dois triângulos se cruzam: um ascendente e outro descendente. As seis pontas, mais o ponto central, somam o sete místico, simbolizando a união do céu e da terra, do bem e do mal, do divino e do humano.
O círculo da eternidade, com os triângulos superior (Deus/Zambi) e inferior (homem/terra) tendendo para direções opostas, uma vez que estão em luta constante. Resolvido este impasse, o homem reconhecerá que o seu Eu, seu Centro (ponto central), é o mesmo que o de Deus/Zambi.
Todos os livros sagrados estão cheios de exemplos da excelência do número sete, principalmente a Bíblia.

No livro Gênesis, por exemplo, vamos encontrar o 7 como o número da Criação. No primeiro dia Deus criou a luz, separando-a das trevas; no segundo dia Deus criou a abóbada celeste, separando as águas de cima das águas de baixo; no terceiro, criou a terra firme, separando-a das águas, e espalhou nela a vegetação; no quarto, criou o Sol, a Lua e as estrelas; no quinto dia criou os peixes, os monstros marinhos e os pássaros; no sexto, criou os animais, os répteis e o homem; e, no sétimo dia, Ele descansou.

“Assim foram acabados o céu e a terra e todos os seus ornatos. E Deus acabou no sétimo dia a obra que tinha feito; e descansou no sétimo dia de toda a obra que tinha feito. E abençoou o dia sétimo, e o santificou, porque nele tinha cessado de todo a sua obra, que tinha criado e feito” (Gênesis, 2, 1-3).

Desta forma, desde a criação do mundo, um tempo foi imprimido ao ritmo universal quando Deus decidiu que a semana teria sete dias e não cinco ou dez. Ao mesmo tempo, Deus dedicou o sétimo dia ao descanso. O sétimo dia é sagrado.

São 7 as Ciências Naturais, são 7 as virtudes, são 7 os pecados capitais, assim como são 7 os sacramentos, as notas musicais, os gênios persas, os arcanjos judaico-cristãos.

No cristianismo encontra-se o 7 na base da sua principal oração. O pai-nosso inicia com uma invocação e termina com uma dedicatória. Entre o princípio e o fim encontramos 7 petições:
1Santificado seja o Vosso nome;
2 - Venha a nós o Vosso reino;
3 - Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu;
4 - O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
      5 - Perdoai as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores;
6 - Não nos deixeis cair em tentação;
7 - Livrai-nos do mal.

Como vemos, das 7 petições presentes no pai-nosso, as 3 primeiras são dirigidas a Deus e as 4 seguintes ao homem. Isso nos remete a um outro mistério que cerca o número 7 enquanto número da Criação. O sete é a junção do 3 (divino) e do 4 (físico e humano).

No Livro Gênesis, vimos que Deus, ao criar o mundo, dedicou os três primeiros dias à criação dos “campos” onde as criaturas agiriam nos quatro dias restantes.
Essa divisão é válida e pode ser observada na maioria dos exemplos onde o sete servir de base.

Nas 7 virtudes, 3 são sobrenaturais (fé, esperança, caridade) e quatro são cardeais (prudência, justiça, fortaleza e temperança).

Os 7 pecados capitais se dividem em três que pertencem ao espírito (soberba, ira, inveja) e quatro que pertencem ao corpo (luxúria, gula, avareza e preguiça).

Portanto, para entendermos totalmente o significado do número sete, temos que analisar anteriormente os números 3 e 4, ou seja, o ternário e o quaternário.

Na Grécia antiga, entre os pitagóricos, o 3 era considerado o número perfeito por ter princípio, meio e fim. Por essa razão, o 3 era considerado o símbolo do divino. Os gregos tinham ainda três destinos, três fúrias e três graças. Os deuses eram sempre representados com um triplo instrumento de poder: o tridente de Netuno, o raio triplo de Júpiter. Os antigos imaginavam o mundo composto de três partes: céu, terra e subsolo. Assim, o homem tinha que ser dividido em três partes, a saber: corpo, alma e mente. A mente se subdivide em consciente, subconsciente e inconsciente ou ego, superego e id.

Porém, o uso mais claro do poder divino do número três é a descrição que normalmente se faz da divindade como sendo trina. No dogma cristão esse aspecto aparece quando se afirma que Deus é Um na essência, mas possui três aspectos distintos, ou seja, Pai, Filho e Espírito Santo. Entre os Nórdicos a divindade também possuía o seu aspecto triplo: Har, Janfar, Thridi.

Entre os Babilônicos; Anu era o deus-chefe da trindade composta ainda pon Enlil e Ea. Entre os Egípcios, a trindade divina seguia o protótipo de uma outra espécie: pai-mãe-filho, ou seja, Osíris, Ísis e Hórus. Entre os Etruscos, Tina, Cupra e Menrva apareciam sempre juntas e representavam o fogo, a fertilidade e a sabedoria.

Quanto aos Hindus, todos sabem que eles adoravam separadamente as três divindades distintas: Brahma, Shiva e Vishnu. Porém, a primeira lição ensinada aos discípulos na iniciação aos mistérios profundos era de que esta separação é ilusória, sendo que os três representam aspectos do Uno.

Portanto, o 3 é o número das forças da Criação. Essas forças são representadas por dois pólos que se opõem e um terceiro fator de interação e equilíbrio. Nesse sentido, o símbolo real da divindade é o triângulo equilátero. Ora, colocando-se um triângulo com um dos vértices voltado para cima (símbolo do superior) sobre um triângulo com um dos vértices voltado para baixo (símbolo do inferior), teremos a estrela de Salomão e de Oxalá. Colocando-se um ponto no centro dessa estrela (ou um círculo á sua volta) teremos novamente o número sete, simbolizando aqui o encontro do homem com Deus.

O símbolo do número 3 é o triângulo.

Quanto ao número 4, desde a mais remota antiguidade ele sempre foi considerado o número do mundo físico. A primeira e mais racional das explicações para esse fenômeno diz que o mundo físico é composto por quatro elementos: terra, ar, água e fogo. A outra explicação é que o quatro estaria relacionado aos quatro pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste). Acredita-se ainda que este conceito seria derivado da simetria do corpo humano.

Os exemplos tirados da Bíblia confirmam a ideia do 4 relacionado ao mundo físico. O rio que sai do Paraíso se divide em quatro outros rios. O Altar dos Sacrifícios tem quatro pontas, dirigidas aos quatro pontos cardeais. Os quatro animais que sustentam o Trono da Revelação referem-se aos quatro elementos. No Novo Testamento vamos encontrar o quatro de uma forma bastante dramática: os soldados romanos dividem em quatro partes as roupas de Jesus crucificado. Esta separação das vestes de Cristo simboliza a dissolução do seu corpo material e o seu regresso aos quatro elementos de que era composto.

Entre os Maias, o quatro também aparece ligado ao mundo material: eles tinham quatro deuses, sendo que cada um suportava um dos quatro cantos da Terna Cauac (sul), Mulac (norte), Kan (este) e Ix (oeste).

E ainda devemos lembrar que são quatro as estações do ano (primavera, verão, outono, inverno); são quatro as fases da Lua (crescente, minguante, nova e cheia); são quatro as partes do dia (madrugada, manhã, tarde e noite).
E tudo isso equivale às quatro fases da vida do homem: nascimento, crescimento, maturidade e morte.

Em sua autobiografia, intitulada Memórias, Sonhos e Reflexões, o psicólogo suíço Carl Gustav Jung refere-se a ideia da quaternidade: “A quaternidade é um arquétipo de ocorrência quase universal. Constitui a base lógica para qualquer raciocínio completo. Se alguém desejar transmitir esse raciocínio, ele deverá ter esse aspecto quaternário. Por exemplo, se quisermos descrever o horizonte como um todo, referir-nos-emos aos quatro quartos do céu... Há sempre quatro elementos, quatro qualidades principais, quatro cores, quatro castas, quatro formas de desenvolvimento espiritual, etc. Do mesmo modo, existem quatro aspectos de orientação psicológica. Para nos orientarmos, temos de possuir uma função que nos garanta que qualquer coisa está ali (sensação); uma segunda função que estabeleça o que é (pensamento); uma terceira função que estabeleça se serve ou não, se aceitamos ou não (sentimento); e uma quarta função que nos indique de onde uma coisa veio e para onde vai (intuição). Sempre que as coisas se passem desta maneira, nada mais há a dizer... A perfeição ideal é o círculo ou esfera, mas a sua divisão natural mínima é uma quaternidade”.

O quadrado e a cruz são os dois símbolos universais do quaternário. A cruz, ao contrário do que muita gente pensa, é um símbolo que foi englobado pelo cristianismo, mas que o antecede em milhares de anos. Os escandinavos já colocavam cruzes sobre os túmulos dos seus mortos muitos anos antes do aparecimento do cristianismo. Para os egípcios, a cruz simbolizava a vida, e entre os astecas, antes de qualquer contato com os cristãos, a cruz já era um símbolo sagrado.

Ainda entre as culturas antigas, vamos encontrar o sete simbolizado no Caduceu, símbolo ainda usado pela medicina e que foi descoberto na forma utilizada ainda hoje em uma taça suméria datada de 2.600 a.c. O caduceu consiste em duas serpentes iguais, enroscadas em um bastão, sendo que o seu significado original era, sem dúvida alguma, triplo. Pode ter sido o símbolo do bem e do mal (as duas serpentes) que se reconciliam em um terceiro elemento (o bastão), visto por muitos como o símbolo da eternidade. Na versão original sumeriana as serpentes se cruzam sete vezes, incluindo-se as pontas das caudas e as duas cabeças que apenas se tocam.

Sabendo-se que os sumérios tiveram um contato muito grande com a civilização hindu, alguns autores acreditam que o caduceu dos sumérios também se referia aos sete chacras, centros ou gânglios que podem ser despertados pelos que praticam ioga, quando conseguem ver o kundalini, a feroz força da serpente que, segundo a hatha-ioga, encontra-se enroscada na base da espinha. O despertar do sétimo chacra equivale, para o iogue, a entrada no sétimo paraíso maometano. Existe uma simetria entre esses dois símbolos. O fato de os iogues referirem-se ao kundalini como a força da serpente faz do caduceu a representação ideal do despertar dessa força.

Mas, enfim, seja qual for a sua forma ou origem cultural e religiosa, o número quatro se relaciona sempre ao mundo físico (ou terrestre) em oposição ao número três, que se refere ao divino (espiritual). Assim sendo, o número 7 (3 + 4) é o número da Criação. Além do mais, é um número magístico para a Umbanda e, por este motivo, é muito utilizado.

Chaboche, em seu livro “Vida e mistério dos números”, disse: “Sete... a liberdade, a luz, o sucesso e a alegria de viver”. Sendo assim, podemos concluir que 2014 será um bom ano, pois a soma de seus números é 7!

Fonte: Antônio Zago e Vovó Luiza de Guiné