Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

6 de julho de 2013

Nanã Buruquê


Dia 26 de julho é o dia que, devido ao sincretismo com Sant’Ana, comemora-se na Umbanda o Orixá Nanã Buruquê. Mas muitos terreiros pouco cultuam e alguns poucos conhecem este Orixá.
Nanã é a divindade que junto com Zambi fez parte da criação, é a mais antiga de todos os Orixás, a mais velha e a mais respeitada. Historiadores afirmam que  Nanã “surge” anterior à Idade do Ferro, provocando uma relação “conturbada” com Ogum. É responsável pelo elemento barro, que deu forma ao primeiro homem e a todos os seres viventes da terra.
Segundo a lenda africana, quando Zambi, o ser Supremo, encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, Oxalá tentou vários caminhos. Tentou fazer o Homem de ar, como Ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu socorro e deu a Oxalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde Ela morava, a lama sob as águas, que é Nanã. Oxalá criou o homem e o modelou no barro. Com o sopro de Zambi ele caminhou. Com a ajuda dos Orixás povoou a terra.
Com o barro, Nanã propicia o uso das cerâmicas, momento em que o homem começa a desenvolver a cultura.
Orixá que auxilia as passagens difíceis da vida, que pode trazer riquezas, assim como a miséria, é a própria evolução do Ser, o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte. Nanã tanto rege a vida como a morte, pólos da mesma realidade.
Pertencem a Nanã os búzios, que simbolizam morte por estarem vazios e fecundidade porque lembram os órgãos genitais femininos, entretanto, o que a melhor sintetiza é o “grão”, pois, além de Nanã possuir domínio sobre a agricultura e desenvolvimento do homem, todo “grão” tem que morrer para germinar. Nanã é que dá nascimento às sementes permitindo transmutação e transformação contínua para que nada se perca.
Atributos: calma e misericórdia. Nanã é o momento inicial em que a água brota da terra ou da pedra. É a soberana de todas as águas; é também a lama, a terra em contato com a água; é o pântano, o lodo, sua principal morada e regência. Ela é a chuva, a tempestade, a garoa. Nanã é a mãe, boa, querida, carinhosa, compreensível e sensível; a senhora da passagem desta vida para a outra, comandando o portal mágico, a passagem das dimensões.
Este Orixá relembra a nossa ancestralidade mística, o momento em que fomos criados espírito. A água foi necessária na Terra para a geração da vida, tendo o barro ou a lama um simbolismo correspondente ao momento em que fomos "feitos" pelo Pai. Assim, Nanã é considerada a Grande Mãe. Ela reconduz os espíritos desencarnados ao mundo espiritual, aconchegando-os em seus braços.

Tipo psicológico dos filhos de Nanã: os filhos deste Orixá podem ser tímidos e ao mesmo tempo serenos. Por vezes, são severos nos seus valores morais e austeros na educação da família. Não raro, são rabugentos, o que os fazem ser temidos. Geralmente não são sensuais e não se ligam às questões da sexualidade. Outras vezes, por medo de serem amados e virem a sofrer, se dedicam com afinco à profissão, sendo dispostos à ascensão social.
Quanto à calma e à lentidão que lhes são peculiares, nos momentos das decisões, acabam gerando conflitos com pessoas ativas e dinâmicas. Em equilíbrio, são pessoas bondosas, simpáticas, bonachonas e dignas de confiança.

Aspectos positivos: sensatez, perseverança, ordem, objetividade, paciência, respeitabilidade, calma. Sem pressa para realização, o tempo não os aflige. São benevolentes, gentis, mansos, como se fossem bons e amorosos avós.

Aspectos negativos: conservadorismo extremado, preguiça, avareza, indiferença, estupidez. Demorados, teimosos e rabugentos, adiam as decisões e podem ser vingativos.

Florais de Bach: Centaury, Hornbeam, Clematis e Willow.
Mineral: ametista.
Metal: ouro branco.

Planeta: Lua, que é o regente do signo de câncer – ligação com as águas; junção da água das chuvas e solo barrento e pantanoso, demonstrando que precisam trabalhar o passado, libertando e deixando ir embora o que não serve mais.

Signo: escorpião, que é regido por Plutão – ligação com as águas paradas e profundas (o mangue), refletindo a expressão "eu calo" do escorpiano que observa e que é profundo no sentir os ambientes e a psiquê humana; possuem a capacidade de vivenciar a dor e o sofrimento e renascer mais forte, com maior capacidade de domínio sobre as próprias emoções.

Flores: de cor roxa.
Chackra: frontal
Dia da semana: sábado
Saudação: Saluba, Nanã!