Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

7 de junho de 2012

Ogãs

A palavra Ogã vem do Yorubá e significa Senhor da Minha Casa. O Ogã – médium responsável pelo canto e pelo toque - ocupa um cargo de suma importância e de responsabilidade dentro dos rituais de Umbanda, o conjunto de vozes e toques do atabaque ajudando nos trabalhos espirituais para que possam ser fortes e bonitos.
Também devemos observar que o conjunto de atabaques e vozes é parte fundamental da sustentação da casa e dos trabalhos, pois a desarmonia no couro pode tornar fragilizado os trabalhos e as energias da casa em dia de gira.
O responsável pelo toque, o Ogã, tem de ser bem preparado e Coroado ou Iniciado como Ogã para exercer tal função em um Terreiro, pois além de serem médiuns intuitivos, são Sacerdotes natos, aqueles que nascem com a função de falar por um Orixá, de serem um Instrumento puro dos Orixás e fazem isso através de suas mãos e cantos.
Mas observem que esta importância tem que ter muita observação com respeito à humildade do médium e uma sintonia harmônica com o dirigente da casa, pois sem esta sintonia torna-se inviável a convivência e os trabalhos. Tudo vem relacionado com a harmonização entre os pontos centrais de equilíbrio e relação pessoal.
O Ogã é um canal aberto para muitas linhas de trabalho da Umbanda que trabalham ativamente através dele, são linhas de caboclos, exus, pomba-gira, boiadeiros, crianças, etc., que por motivos próprios trabalham nos “bastidores”, sem incorporarem ou tomarem a “linha de frente” dos trabalhos espirituais. Formam uma corrente de espíritos que auxiliam nos toques e cantos da curimba, são mestres na música de Umbanda e Candomblé, verdadeiros guardiões dos mistérios do “Som”.

Muitas são as funções que os pontos cantados têm. Primeiramente uma função ritualística, onde os pontos “marcam” todas as partes do ritual da casa. Assim, temos pontos para a defumação, abertura das giras, bater cabeça, chamada, subida, sustentação dos Guias e fechamento de gira.
Uma outra função importante é de emitir ondas energéticas pelo som do atabaque e pelos cantos que servem para diluir algumas energias astrais negativas que não fazem bem ao médium.
A curimba é um verdadeiro pólo irradiador de energia dentro do Terreiro, potencializando ainda mais as vibrações dos Orixás, ajudando os médiuns tanto na hora das incorporações, desincorporações e da firmeza de um trabalho. A curimba, por si só, emite energia suficiente capaz de descarregar um médium ou uma Casa.
Por isso, a curimba deve sempre estar em sintonia com os Guias Espirituais, com os Orixás e com o Dirigente do trabalho. O Ogã deve estar sempre pronto e procurando aprender mais e mais. Sempre com amor, pois quando vibramos de coração, os cantos atuam sobre nossos chacras, ativando-os e deixando-nos em total sintonia com a Espiritualidade Superior.
Os pontos transformam-se em orações cantadas, ou melhor, verdadeiras determinações de magia, com um altíssimo poder de realização, pois é um fundamento Sagrado e Divino.
 
Poderíamos chamar tudo isso de “magia do som” dentro da Umbanda, pois não é simplesmente evocar uma Divindade, mas é chamado de magia por envolver toda uma cadeia onde o som da curimba atua nos médiuns positivando-os e equilibrando-os. Infelizmente, não temos visto nos templos de Umbanda uma preocupação com a qualidade da curimba, ou seja, com o conjunto de vozes e toques de atabaques. Há Casas em que os atabaques são tocados com tanta força que parece que os Ogãs estão descarregando sua energia e sentimentos positivos e ou negativos nos couros dos instrumentos e não é possível ouvir as letras dos pontos cantados; às vezes, nem mesmo a melodia.
Curimba é um ponto de força dentro de um Terreiro de Umbanda. Sempre enaltece nossas giras, sendo de suma importância dentro do Terreiro. Os atabaques são chamados de Rum, Rumpi e Le.

Em suma, o Ogã representa o respeito, harmonia, mística e, principalmente, representa a religião de forma que só ele com o fundamento da musicalidade pode agir, assim como devemos sempre lembrar que tudo é uma extensão de energia das casas, uma corrente, um elo.
Salve a Curimba! Salve o Ogã! Salve a Umbanda!

Fonte: Godinho