Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

19 de julho de 2011

O Terreiro de Umbanda

O culto e a prática da Umbanda dividem-se em três partes: a física, a mediúnica e a espiritual. Física é o terreiro, mediúnica são os médiuns e espiritual os espíritos e toda força invisível que atua sobre a física e a mediúnica.
No terreiro é onde se praticam os trabalhos espirituais. Dentro da construção física, o espaço central é onde se faz as giras e está localizado o Congá. No meio do terreiro e no Congá tem a segurança do terreiro e dela é que vem todo o axé da casa. Em volta ou perto da porta da entrada fica a parte destinada à assistência. Quando se entra no terreiro no espaço destinado aos trabalhos, é respeitoso fazer o sinal da cruz com as mãos no chão ou bater o dedo indicador neste, levá-lo à testa, na cabeça e na nuca em respeito a segurança da esquerda e cumprimentar mentalmente, saudando a Umbanda, o pai-de-cabeça e sua segurança da esquerda. É um ato que faz parte do ritual e é demonstração de respeito com a Umbanda ou com o Orixá que se está cumprimentando. Defronte ao Congá, deve-se deitar de bruços e bater cabeça.
Os terreiros têm a proteção de um dos sete Orixás e seus trabalhos sempre são abertos com a proteção da linha. Os trabalhos são abertos com a chamada desta linha, para depois ser chamada outra. A proteção da Quimbanda fica por conta do Exu protetor do pai ou mãe de santo na esquerda.
Engoma é o conjunto de instrumentos que formam a música do terreiro. Tradicionalmente a base de toda engoma são os atabaques. Eles são considerados sagrados e são cruzados pelas entidades. Eles têm nome: Rum, Rumpi e Lê, o maior, o médio e o pequeno. No início a Umbanda não usava a música, só as palmas que mantinham o ritmo dos pontos cantados. Isso explica-se porque a Umbanda era proibida e o som na noite indicava os locais dos trabalhos que eram feitos escondidos. 
A Umbanda é regida pela música. Todo seu ritual é por ela comandado, o que se chama ponto cantado. O correto é iniciar os trabalhos com o Hino da Umbanda, a defumação, os pontos de abertura dos trabalhos, o chamado dos espíritos para arriarem e subirem. Chama-se pontos de chamada ou linha. Ponto de linha é quando se faz o chamado dos espíritos em geral dentro de suas respectivas linhas. Quando se canta o ponto de linha, qualquer entidade da linha chamada pode arriar. Para eles deixarem o terreiro, canta-se o ponto de subida, é quando, em um terreiro organizado, todos devem se despedir sem a necessidade da hierarquia ordenar verbalmente. O ponto individual é para chamar um determinado espírito. Normalmente é ele quem deixa a letra e música que funciona como um mantra. A entidade está na Aruanda ou em algum lugar, quando houve que está sendo cantando em algum Terreiro o seu ponto individual, imediatamente ele atende e arria. O ponto cantado é muito respeitado pelas entidades e um não incorpora no ponto do outro. A não ser que não seja entidade e sim um obsessor.
Todo terreiro tem em sua entrada uma pequena casinha à esquerda onde está assentada a segurança do Exu protetor da casa. Este local chama-se Tronqueira. Dentro estão as armas do Exu, como a segurança do centro do terreiro, e permanece sempre alimentado com velas, bebidas, charutos e às vezes comidas. Sua função é cuidar da segurança externa do terreiro, por isso deve-se cumprimentá-la antes de entrar no terreiro. À direita da entrada tem outra pequena casinha onde está assentada a segurança do Preto ou Preta Velha do Terreiro. Também deve-se cumprimentar fazendo-se o sinal da cruz no chão. O cumprimento da linha de esquerda é com a mão esquerda e da linha de santo com a mão direita.