Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

23 de junho de 2011

As guias

As GUIAS usadas na Umbanda são aqueles colares coloridos que os médiuns utilizam nos trabalhos, fazendo parte do uniforme do Umbandista.
Estes “colares” são verdadeiros pararraios em defesa dos médiuns. É um objeto no qual os Guias e Protetores imantam com determinadas forças para servirem de instrumentos em ocasiões precisas. 

A Guia é, então, uma das muitas ferramentas utilizadas pelo médium, servindo como defesa deste que, muitas vezes, se vê obrigado a entrar em contato com energias às quais ele não poderia suportar, daí a explicação para as guias que arrebentam de repente. Por ser de material altamente atrativo, a guia recebe toda a carga negativa que foi direcionada ao médium e arrebenta. A guia não serve somente como proteção do médium. Esta tem muitas outras utilidades, como:
- instrumento de ligação psíquica entre Médium e Espírito
- instrumento de tratamento
- como material de trabalho das Entidades, atraindo ou emitindo energias, etc.


CONFECÇÃO DAS GUIAS
As guias devem ser confeccionadas com produtos naturais, pois são imantáveis e condutores de energias. Estes materiais podem ser: sementes, madeira como o bambu, pedras, conchas e outros objetos marinhos, pedras preciosas e semipreciosas (mesmo que lapidadas), cristais, porcelana, miçangas, dentes de animais, guizos e outros, como por exemplo, os metais.
Jamais se usa plástico ou outro produto artificial.
Usando-se os materiais citados acima, as guias serão confeccionadas de acordo com o pedido feito pelas entidades, de acordo com a doutrina da casa que você frequenta ou de acordo com a necessidade daquela guia.
Não se pode montar uma guia só porque acha bonito, ou porque todos usam, ou porque você acha que deva usar. Espere, tudo na sua hora certa!
Nas lojas especializadas encontram-se guias prontas dos mais variados modelos, mas o correto é as guias serem confeccionadas pelo pai ou mãe de santo, conforme indicação da entidade do médium.
A guia é uma peça “benta” com força e irradiação para proteger e aumentar a força do médium, a vibração, etc. São ritualisticamente preparadas, ou seja, imantadas, de acordo com a tônica vibracional de quem as irá utilizar (médium e entidade), e conforme o objetivo a que se destinam.

Geralmente, quando uma entidade pede para seu filho montar a sua Guia, a mesma estará presente naquele momento, ou para dar orientações na montagem por intuição, ou para ver se o filho realmente tem o devido respeito pela religião (objetos, entidades, rituais, etc.) ou por vários outros motivos como, por exemplo, testes de fé, de paciência, pois tem vezes que a guia se quebra várias vezes antes de ficar pronta, ou às vezes a entidade está desenvolvendo sua mediunidade através das intuições e muito mais.
Por isso, para montar uma guia, deve-se estar tranquilo, sem agitação externa e sem preocupações, enfim, trabalhando, meditando e se conectando com seus Guias espirituais.
As guias, depois de prontas devem ser descarregadas e cruzadas (benzidas) em uma obrigação do médium.
Dependendo da doutrina de cada casa, as guias serão colocadas no congá por um determinado tempo, às vezes serão colocadas em certos recipientes com misturas de ervas, ou colocadas em sal grosso, etc. Só depois de feito isso é que a entidade chefe da casa ou seu próprio guia vai cruzá-la.
Lembre-se, se a guia não foi cruzada, a mesma não terá nenhum valor. 
Como foi dito, a guia será imantada com energias de acordo com as necessidades de quem vai usá-la e conforme a finalidade.

TIPOS DE GUIAS
Existem pelo menos quatro tipos de guias que são utilizadas frequentemente pelos filhos de fé.
São elas:
• Guia de proteção
• Guia de tratamento
• Guia do Orixá
• Guias das Entidades
Cada guia tem seu formato e cores específicas, e será de acordo com a necessidade a que se destina.
Veja a seguir algumas características das guias mais utilizadas. 

GUIA DE PROTEÇÃO
Geralmente, quando um médium entra para a religião e começa a trabalhar numa casa de Umbanda, ele é batizado e faz a primeira obrigação - para Oxalá.
A guia de Oxalá é de cor branca. Oxalá é o Orixá Maior representado por Jesus.
Essa é a mais usada nos casos de proteção e tratamentos.

GUIA DE TRATAMENTO
Como vimos acima, usa-se muito a guia branca, pois ela tem, também, um efeito psicológico no tratamento. A guia de Oxalá é usada para tratamento do filho de fé ou filho de santo.

GUIA DO ORIXÁ
É a guia do pai e mãe de cabeça e que está ligada à faixa vibratória do médium e também é a guia que representa a linhagem das entidades que trabalham com esse médium.
A guia do Orixá é feita na cor relacionada ao Orixá, geralmente de uma cor só.

GUIA DAS ENTIDADES
São aquelas guias que não tem um padrão, ou seja, cada entidade pede sua guia de trabalho de acordo com suas necessidades. Por isso é que temos tantos modelos de guias tão diferentes umas das outras; temos guias feitas com contas coloridas e intercaladas com outros materiais, como dentes, olho de cabra, coquinhos, etc.
As guias das entidades devem ser feitas exatamente como elas pediram, pois tem grande significado para elas que nós nem sequer imaginamos, é como um ponto riscado, cheio de mistérios.

CORES DAS GUIAS
As guias seguem as cores padrão dos Orixás e Entidades. São elas:

  • Oxalá - branco leitoso
  • Oxossi - verde
  • Caboclo - verde e branco
  • Preto Velho - branco e preto
  • Iansã - amarelo ouro
  • Oxum - azul forte
  • Cosme e Damião - azul e rosa
  • Iemanjá - azul claro
  • Ogum - vermelho e branco ou só vermelho
  • Nanã - roxo
  • Xangô - marrom
  • Obaluaê - preto e branco
  • Exu - preto e vermelho
  • Pombo-gira - vermelho e preto
  • 7 Linhas (Orixás) - a guia de Sete Linhas é aquela que tem sete cores, ou seja, representa os sete Orixás da Umbanda. É utilizada também para proteção, pois significa que o médium está sob a proteção das Sete Linhas da Umbanda. 
As guias devem ter o tamanho suficiente para ir até abaixo do umbigo do médium.

UTILIZANDO AS GUIAS
Geralmente os médiuns usam as seguintes guias nos trabalhos do Centro:
• De proteção
• Do seu Orixá
• Dos seus Guias (entidades que trabalham com o médium)
Uma guia efetivamente só tem valor quando é recebida em consequência de uma obrigação, ou quando cruzada por uma entidade incorporada, sendo uma proteção especial com que a entidade favorece o filho. Sem isso, não passa de um adorno sem outro valor que o custo das próprias contas.
Quando recebidas em consequência de uma obrigação, elas trazem em si o axé correspondente a cada obrigação. O pai ou mãe de santo (Babalaô ou Yalorixá) deve fazer a guia de cada filho pessoalmente, rezando ou cantando o ponto dos Orixádeve fazer a guia de cada filho pessoalmente, rezando ou cantando o ponto dos Orix_____________________________________________s. Se uma quebrar, deve-se procurar recuperar o máximo possível de contas e depois montá-la e consagrá-la ou cruzá-la novamente.
As guias não devem ser usadas a toda e qualquer hora, só dentro do Centro, nas festas, cerimônias especiais e nos trabalhos. Para cuidar bem delas deve-se lavá-las de vez em quando com as águas de cada Orixá a que pertencem. Assim tem-se:
Iemanjá: água do mar, colhida de preferência onde a água seja limpa.
- Oxum: água de um rio com corredeiras e que seja cristalina; se possível, colher em uma cachoeira.
- Xangô e Iansã: águas da chuva, sendo que a de Xangô deve ser colhida durante fortes temporais e a de Iansã deve ser colhida durante chuvas mais amenas.
- Nanã: água de um rio límpido e sereno correndo para o mar. Também pode ser água de um lago.
- Ogum: de preferência as águas minerais que contenham ferro.
- Oxossi: as águas minerais sem ferro.
- Cosme e Damião: águas da praia, desde que sejam límpidas.
- Oxalá: água do orvalho da manhã que deve ser colhida ao amanhecer.
- Obaluaê: as águas de grutas profundas ou as que brotam em campos santos.
Na impossibilidade de se colher as mencionadas águas, utiliza-se apenas água mineral que não seja ferruginosa, para a limpeza das guias.
Importante lembrar:
- As guias são elementos ritualísticos pessoais, individuais e intransferíveis, devendo ser confeccionadas, manipuladas e utilizadas somente pelo médium a quem se destinam, ou pelo pai ou mãe de santo deste.
- Deve-se observar que cada indivíduo e cada ambiente possuem um campo magnético e uma tônica vibracional próprios e individual (tanto positivo quanto negativo).
- A confecção ou manipulação das guias por outras pessoas, ou ainda, seu uso, em ambientes ou situações negativas ou discordantes com o trabalho espiritual, fatalmente acarretará uma "contaminação" ou interferência vibracional.
- Como elemento de atração e isolamento, funcionam como um tipo de pararraios, atraindo para si toda (ou quase) a carga negativa ou estranha ao médium, isolando-o até certo ponto. No entanto, as guias irão permanecer "carregadas", até serem devidamente "limpas".
- Excepcionalmente, podem ser utilizadas pelo médium para "puxar" uma determinada vibração, de forma a lhe proporcionar alívio em seus momentos de aflição. Nestes casos, 10 a 15 minutos de uso são suficientes.
- Em qualquer dos casos, a guia irá proporcionar uma interferência no campo magnético do médium. Dependendo da situação ou circunstância, poderá até mesmo causar-lhe um certo desconforto aparente ou mal-estar, devido a um aceleramento de sua Faixa Vibratória. 
Como vimos, as guias são elementos ritualísticos muito sérios e como tal que devem ser respeitadas e cuidadas.
Seu uso deve se restringir ao trabalho espiritual, ao ambiente cerimonial (terreiro) e aos momentos de extrema necessidade por parte do médium.
Utilizar a guia em ambientes ou situações dissonantes com o trabalho espiritual, ou por mera vaidade e exibicionismo, é no mínimo um desrespeito para com a vibração a qual representam.
A guia é um objeto muito sério e deve ser utilizado com seriedade.
Lembre-se que as guias são objetos sagrados e como tais devem ser tratadas.
Mas, o mais importante de fato, é que o filho aprenda a ter fé e confiança nas Entidades e em Deus, não se apoiando em verdadeiras "muletas psicológicas" para se sentir protegido.