Blog da Casa de Caridade Luz Divina - dirigente espiritual Vovó Luiza

14 de março de 2010

Como surgiu a Umbanda

Tudo começou com os nossos irmãos Africanos. Vindo da África como escravos deixando para trás seus irmãos, costumes, seus Deuses e Fé. Adoravam a Deus e, como todos desta terra, tinham um modo de chegar ao seu Criador. As forças da natureza eram seus maiores símbolos. Alguns deixaram reinados, famílias e até bens materiais. A esses nossos irmãos só sobraram a Fé. Tudo de material ou de seu, foi lhe retirado. Sofreram nos navios negreiros, com fome, sede e toda forma de crueldade. Para quem os compravam, não passavam de “animais de carga”. Muitos não chegavam a nossa Terra, morriam pelo caminho. As doenças, os maus tratos se encarregavam de aliviar o sofrimento que lhes aguardavam. Seus direitos como pessoas não eram reconhecidos. Isto sem falar no respeito ao próximo, sentimentos, fraternidade, piedade. Aqui chegando eram vendidos aos Senhores e daí levados para senzalas, fazendo trabalhos pesados e sem direito a nada e sem esperança de retorno a Terra de origem. Viviam para enriquecer seus Senhores e sonhavam com a liberdade que Deus um dia lhe daria, isto é, no dia de sua morte ou desencarne.
Não podiam praticar sua religião. Seus lamentos e cantos, nem sempre eram permitidos, juntavam-se na senzala para pedir ajuda aos seus Deuses, mas tudo era feito em segredo. Em nossa Terra, o Catolicismo era a religião permitida e a única aceita. Como então falar em Zambi (Deus), Oxalá (Jesus Cristo) e todos os Orixás? Os padres Jesuítas falavam e com ordens dos Senhores passavam as suas doutrinas, como o único caminho para a Salvação. O que fizeram nossos irmãos? Usaram as armas que tinham! Juntaram os seus Orixás e as imagens do Catolicismo, que lhes eram apresentadas. Uniram o que contavam e encontraram na sua Fé as mesmas forças.
Aos poucos foram recebendo as imagens dos Santos ou Mártires da Igreja. Passaram a rezar, a cantar e a evocar os Santos. Os Senhores, então não tinham como proibir estas reuniões. Não sabiam que, junto das imagens, também os nossos irmãos desencarnados eram ouvidos e que os cativos acreditavam na verdadeira Vida. Sabiam que estavam ali porque Deus determinara. Não entendiam bem porque sofriam nas mãos dos brancos. A esta associação, deu-se o nome de “Sincretismo Religioso”, e nasceu no Brasil a religião Umbanda, com muitos preceitos e fundamentos da Nação, mas também com as imagens e menções aos santos católicos.
A Fé era a única certeza que Deus não os abandonara e que aquelas pessoas que os humilhavam seriam, um dia, tratados do mesmo modo. A grande maioria seguia este caminho, mas havia muitos revoltados. Alguns pensavam em vingança e viviam para fugir e se vingarem. Estes irmãos sofreram ainda mais, pois sem Fé e esperança em Deus, suas mentes adoeciam e acabavam mortos e sem esclarecimento espiritual, chegando ao Mundo Espiritual cheio de ódio e querendo justiça com as próprias mãos.
Até hoje muitos irmãos ainda perseguem e cobram aos seus antigos Senhores as maldades que sofreram. Ainda não despertaram e se julgam com direitos a fazer cobranças. Esquecem que Deus tudo vê e que nada nem ninguém passa escondido aos seus olhos. Se houve revolta e vingança, também a Luz se fez. Nunca se viu irmãos mais humildes e iluminados que os antigos escravos que vêem incorporados como Pretos-Velhos. Quanto amor e fé bendizem as dores e sofrimentos que passaram por amor a Deus. Reconhecem que tudo serviu para purificá-los e elevar seus espíritos. Agradecem a Deus a posição de escravos e não de Senhores.
Caridade
Caridade é atender aos filhos ou irmãos sem cobrar um centavo, por saber que caridade não se cobra. Dê de graça o que de graça recebemos! Jesus é o Mestre Supremo e, segundo suas pegadas, veremos que este foi e é o exemplo a ser seguido.
Vê-se que em suas caminhadas na Terra nada era cobrado. Levava o Evangelho e as palavras de Deus sem cobrar nada a ninguém. Curava, ouvia os seus seguidores, perdoava, mostrava o caminho, não separava seus irmãos e nem lhes apontava os defeitos. Via em todos o caminho para a casa do Pai. Alimentava-se em casa de irmãos ou pessoas nem sempre de boa conduta. Recebia abrigo e, na manhã seguinte, seguia nova jornada. Nunca houve pagamento em troca. É por este caminho ou lei que seguimos na Umbanda.
Humildade
Humildade é o caminho único para se servir a Deus. Todos nós (Espíritas) encarnados ou não, devemos ser simples e humildes. Nosso exemplo maior é Jesus. Nasceu numa manjedoura, veio com a missão de Rei, mas nunca foi ligado a bens materiais. Nada e nem ninguém o tirou do caminho certo. Sabia o valor do dinheiro, do ouro, podia obter riquezas e prestígio fácil.
Jesus sabia como ninguém que os bens eram necessários, mas como Mestre, viu que a humildade e nobreza de coração eram títulos mais importantes. O homem precisa do seu trabalho, ganhar o pão com o suor do dia, mas não pode ser escravo do dinheiro. O corpo não vive sem alimento, sem roupas ou teto. Sem trabalho e sustento ninguém sobrevive. Deus nos mostra que, pelo trabalho, nos melhoramos e nossa matéria recebe a força para cumprir sua missão. Nosso lar, nossa família são a base de partida para uma jornada de luz.
Sejamos humildes, usemos tudo que Deus nos empresta por meio do dinheiro com sabedoria. Vamos ter o teto, a roupa, o conforto que a matéria precisa, mas lembremos de dividir com os nossos irmãos de jornada. A oportunidade sempre aparece. Hoje é alguém com fome, amanhã é um vizinho doente, por vezes basta um aperto de mão, um sorriso ou um abraço e já fizemos a nossa parte.
Sejamos humildes e pensemos que hoje ajudamos e amanhã seremos ajudados. Ninguém, encarnado ou não, vive sem ajuda de Deus. Ao ler e estudar o Evangelho, vemos que os simples e humildes verão o Reino dos Céus, isto é, habitarão uma das moradas do Senhor. Lembre-se que nesta vida material precisamos de simplicidade. Esta só é possível se nos curvarmos diante das boas ações e nos empenharmos em Jesus.
Médium perfeito é a humildade sem igual. Estamos na escola da vida e agora iniciamos as aulas da Espiritualidade. Sempre que oramos ou entramos em prece sejamos simples. Vejamos os nossos erros e faltas cometidas. Antes de pedir, agradecemos tudo que Deus nos tem dado. Os espíritos de Luz estão nesta elevação, por suas boas ações e simplicidade.
Médium vaidoso é médium doente. Sua vaidade afasta a Luz e os bons espíritos não se afinam. Não há como juntar as trevas a Luz. Aos poucos, nossos amigos espirituais se afastam e ficando sós os irmãos sofredores e sem luz encontram afinidade. Vamos nos policiar. Quando um espírito incorporado em você ajudar alguém, não se julgue em grande posição, você é apenas um intermediário, um instrumento. Por este motivo, na Umbanda, chamamos o médium de aparelho.
Este espírito iluminado também sabe que ele nada fez além de ter a graça de servir a Deus. Então para que dizer: “eu tenho um Guia forte”, ou “sou um ótimo médium”? Vamos ser humildes; quando surgir um elogio, lembre-se que o mérito não é seu. Você apenas teve a oportunidade de se melhorar e Deus lhe deu esta chance de evoluir. Quanto mais simples, melhor será a comunicação entre os dois mundos.
Portanto, a Umbanda é uma religião lindíssima e de grande fundamento, baseada no culto aos Orixás, suas falanges e seus seguidores. Na verdade, a Umbanda é bela exatamente pelo fato de ser mista como os brasileiros.